A Técnica da Barriga Negativa
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Home O que todo profissional da saúde deveria saber sobre Incontinência Urinária de Esforço (IUE)

O que todo profissional da saúde deveria saber sobre Incontinência Urinária de Esforço (IUE)

    Bastam algumas gotas e pronto. Está armado o constrangimento.

    De repente, a sua aluna parece ter “cansado do nada” durante sua aula. Ou ainda diz que não está aguentando mais fazer o exercício e inventa alguma desculpa qualquer para ir embora logo.
    Então, você tenta mudar os exercícios e deixá-los mais dinâmicos na tentativa de motivá-la. Mas parece que nada adianta e ela continua parecendo não se esforçar como deveria.Provavelmente ela nunca te contará a causa real disso. Mas é seu dever entender e prevenir este problema tão comum.

    E qual é este problema?

    Ela não está desmotivada e muito menos “fazendo corpo mole”. Ela provavelmente está enfrentando uma Incontinência Urinária de Esforço (IUE).

    Segundo o Boston Scientific, 1 a cada 3 mulheres sofre com isso. E para piorar, demoram de 4 a 6 anos para procurar ajuda médica para resolver este problema.Logo, se você tem pelo menos 3 alunas, uma delas provavelmente terá esta condição e ainda poderá sofrer até 6 anos antes de pedir a sua ajuda ou de outro profissional.

    Se você é um profissional de Educação Física,tenho certeza de que você tem como missão melhorar a qualidade de vida das suas alunas. Muito mais do que apenas melhorar a estética.

    E não pense que a causa deste problema é o sedentarismo. É justamente o contrário: prática de atividade física mal orientada. A maioria dos profissionais não sabem treinar e/ou restabelecer a função do assoalho pélvico. Se quiser saber mais sobre isso, leia este artigo aqui.
    A esta altura, você já deve ter percebido que este problema é bem constrangedor para suas alunas e que sem a sua ajuda ela sofrerá muito, seja por não resolver o problema ou tentar outras intervenções que só aumentam seu incômodo e não tratam a verdadeira causa do problema.

    Então, neste artigo vamos falar sobre:

    Incontinência Urinária de Esforço em Atletas e Não-Atletas

    As TOP 4 Razões Principais da Incontinência Urinária de Esforço para você identificá-las e direcionar o tratamento:

    1. Assoalho Pélvico Hipoativo
    2. Assoalho Pélvico Hiperativo
    3. Assoalho Pélvico Com Músculos do “Inner Core” Desbalanceados
    4. Disfunção do Assoalho Pélvico Ocasionados Por Atividades Físicas Intensas e de Resistência Prolongada.

    Atividade física nem sempre é benéfico ao assoalho pélvico.

    Alguns pesquisadores supõem que a atividade física prolongada e intensa “pode sobrecarregar, esticar e enfraquecer o assoalho pélvico” (7).Mas antes de explorarmos as possíveis causas e como você pode identificá-las em suas alunas, precisamos fazer uma diferenciação.

    Incontinência Urinária de Esforço em Atletas e Não-Atletas

    É seu dever como profissional identificar a verdadeira causa da IUE para preveni-la com eficiência e eficácia.

    Se você se equivocar aqui ou não tomar o tempo necessário para avaliar a causa ou as combinações delas, você poderá prescrever um tratamento ineficaz e até prejudicar suas alunas.Por exemplo, exercícios de Kegels são bons para a maioria das mulheres, mas não são para todas. Kegels não é uma “pílula mágica” que serve para todos os casos. E isso é muito fácil de provar.Se os músculos do assoalho pélvico estão excessivamente ativos (hipertonicidade), o fortalecimento não será o caminho apropriado.

    Imagine fazer Rosca Direta desde a extensão completa do cotovelo até a flexão total deles. Você pode gerar e construir muita força neste caso. Agora, imagine trabalhar o bíceps quando seu cotovelo não consegue ultrapassar um ângulo de 90 graus?!

    Você não irá construir força através de uma amplitude limitada de movimentos e, na verdade, você só tornará o músculo mais encurtado ainda. O nosso objetivo neste caso deveria ser totalmente o oposto, fazendo com que ele relaxe. Assim quando estes músculos forem solicitados, terão bastante estamina para fazer o seu trabalho e não estarão esgotados devido ao excessivo estado de contração. Mas isso seria assunto para um outro post.

    O que é mais importante ressaltar aqui, é que há múltiplas causas para a Incontinência Urinária de Esforço se manifestar. E estas causas irão determinar a prescrição do tratamento. Logo, devemos evitar usar o termo “Incontinência Atlética”, como foi cunhado no Wikipedia “Athletic Incontinence”.

    Veja estes dois exemplos:

    • Uma mulher tem o assoalho pélvico fraco, mas forte o suficiente para conter a urina nas tarefas do dia-a-dia. Contudo, deixa escapar algumas gotas durante as aulas de Yoga.
    • Outra mulher, não se exercita com regularidade e apenas tem IUE quando espirra.

    Quão diferente são as condições destas mulheres? Nenhuma, certo? A causa e o tratamento para ambas seriam iguais.

    Logo, diagnosticar a primeira com “Incontinência Atlética” seria tão inútil quanto dizer que a segunda teria “Incontinência de Espirro”.

    E ainda pior: o termo “Incontinência Atlética” engloba também mulheres atletas de alto nível que apresentam a incontinência em levantamento de peso, por exemplo. A causa e o tratamento da incontinência seria totalmente diferente das duas mulheres que citei acima.

    Portanto, esqueça este termo “Incontinência Atlética”. Tentar agrupar as diferentes causas da incontinência urinária em mulheres atletas é inútil.

    Para entender a causa da “Incontinência Atlética” e consequentemente como tratá-la, precisamos vê-la sob o prisma das 4 razões principais que causam a IUE em mulheres praticantes de atividade física.

    Acredito que não seja necessário lhe explicar o funcionamento do Assoalho Pélvico. Você já deve conhecer da faculdade ou outros cursos.

    As TOP 4 Razões da Incontinência Urinária de Esforço para cocê identificá-las e direcionar o tratamento.

    1. Assoalho Pélvico Hipoativo

      Isso pode acontecer tanto em mulheres sedentárias como em atletas. Não importa se ela faz bastante exercícios de fortalecimento de Core como nas aulas de Pilates ou Crossfit. Isso não significa que os músculos que controlam a urina são iguais ou suficientemente funcionais como outros músculos do Core.

      Sintomas:

      • Escape de urina durante exercícios e no dia-a-dia ao tossir, espirrar ou gargalhar.
      • Necessidade de urinar mais de 5-7 vezes por dia.

      Possíveis causas:

      • Alguma lesão no assoalho pélvico;
      • Recuperação incompleta após o parto;
      • Condições médicas como câncer e seu tratamento (histerectomia) .

      Prevenção e/ou Tratamento:

      • Direcionar para um fisioterapeuta especialista em Fisio Pélvica.
      • Utilizar o Low Pressure Fitness em suas prescrições de treino para devolver a funcionalidade dos músculos perineais. O LPF proporciona regulação do tônus basal destes músculos e co-ativação dos mesmos mediante o esforço.
    2. Assoalho Pélvico Hiperativo

      Isso é bem contra-intuitivo, mas ter um assoalho pélvico que está hiperativado a todo momento é tão problemático quanto ter dificuldades de ativá-lo.

      Uma contração excessiva nesta região, também chamada de Hipertonicidade, pode levar a uma fadiga crônica e consequentemente a uma inabilidade de contração quando solicitada em uma tosse ou espirro, por exemplo.
      Esta pode ser a causa de incontinência em mulheres atletas, mas também pode ocorrer em não-atletas.
      Em resumo, apesar do assoalho pélvico nestas mulheres ser forte, este não exerce sua função.

      Sintomas:

      • Escape de urina;
      • Inabilidade para esvaziar completamente a bexiga;
      • Dor durante a relação sexual ou na introdução de absorvente interno;
      • Dores na pelve, abdômen inferior ou lombar;
      • Constipação;
      • Dores ou dificuldades para evacuar.

      Possíveis causas:

      • Estresse;
      • Má postura;
      • Excesso de exercícios não apropriados para os músculos do assoalho pélvico;

      Prevenção e/ou Tratamento:

      • Exercícios de relaxamento dos músculos do assoalho pélvico em conjunto com uma rotina para manutenção de seu tônus;
      • Práticas de respiração;
      • Massagem interna dos músculos e tecido conjuntivo;
      • Modificações na rotina de treino de sua aluna;
      • Low Pressure Fitness com uma ferramenta para manter a tensegridade e funcionalidade dos músculos perineais.
    3. Assoalho Pélvico Com Músculos do “Inner Core” Desbalanceados

      Neste caso, a mulher não teria IUE em atividades do dia-a-dia, apenas em atividades intensas com bastante sobrecarga. Também pode acontecer do assoalho pélvico ser forte, porém não ocorre adequadamente a co-ativação destes músculos durante a execução dos exercícios.

      Se os músculos do assoalho pélvico não se co-ativam durante o esforço, estes não aguentarão a alta pressão intra-abdominal e eventualmente deixarão escapar urina. Em alguns casos extremos, até fezes escapam em competições de Power Lifting, por exemplo.

      Sintomas:

      • Escape de urina apenas quando é submetida a atividades intensas com bastante sobrecarga.

      Causa:

      • Mesmo o assoalho pélvico sendo forte, não ocorre a co-ativação (controle neurológico central e involuntário).

      Prevenção e/ou Tratamento:

      • Se sua aluna está neste grupo e gosta ou pratica estes tipos de atividades, avalie se não é melhor prescrever as execuções dos exercícios livres, sem assistências de cinturões ou coisas do tipo.
    4. Disfunção do Assoalho Pélvico Ocasionados Por Atividades Físicas Intensas e de Resistência Prolongada.

      Neste caso, o assoalho pélvico foi sobrecarregado demais e por inúmeras vezes e fadigou. Atividades como trampolim, salto pliométrico, ginástica olímpica, dentre outros se enquadram neste caso.

      Agora você talvez esteja se perguntando:
      “Mas qual a diferença entre a mulher comum que tem escape de urina em atividades moderadas e a atleta de alta performance que tem escape durante exercícios de alta intensidades ou repetitivos com sobrecarga? A distinção é válida porque o problema implícito é diferente e, o mais importante, o tratamento também será.

      Atividade física nem sempre pode ser benéfico ao assoalho pélvico.
      Quanto maior o impacto do esporte, maior a frequência de Incontinência Urinária de Esforço. As mulheres que fazem exercícios que demandam longos e repetitivo stress no assoalho pélvico (como o trampolim), parecem ter a maior frequência de incontinência urinária (6).

      Isso sugere que a incontinência nesses atletas pode não ser apenas uma consequência da fadiga muscular induzida pelo exercício, mas pode, de fato, ser causada por seu treinamento (Ryan Davey, 2017).
      Portanto, pode não ser uma questão de ter um assoalho pélvico hipoativo (nº 1 acima) ou hiperativo (nº 2), ou ter um desequilíbrio no “inner core” (ou controle da pressão intra-abdominal) (nº 3). Pode ser uma questão de limites fisiológicos e lesões resultantes.

      Alguns pesquisadores supõem que a atividade física prolongada e intensa “pode sobrecarregar, esticar e enfraquecer o assoalho pélvico” (7).

      Foi demonstrado que o esporte de alto impacto aumenta o risco de incontinência urinária (8), e em um outro estudo foi demonstrado que isso ocorre em 25% de mulheres atletas (idade média de 20 anos) que não tiveram filhos ou outro fator de risco significativo (9).

      Como isso é possível?
      A ativação repetitiva do assoalho pélvico não deve fortalecê-lo em vez de enfraquecê-lo?

      De fato, foi demonstrado que os atletas que praticam esportes que repetidamente ativam seus músculos do assoalho pélvico tendem a ter músculos maiores neste local. PORÉM, PARA OS MÚSCULOS PÉLVICOS FORÇA NÃO REPRESENTA FUNÇÃO!

      Além disso, estas atletas também tendem a ter outras alterações fisiológicas em seu assoalho pélvico, como mudanças na posição da bexiga, que podem ser indicativas de deformação do tecido conjuntivo do assoalho pélvico (13).
      Segundo Ryan Davey, é provável que o aumento da pressão intra-abdominal gerada durante a atividade física, que não é sustentada pelos músculos do assoalho pélvico, pode esticar gradualmente o tecido conjuntivo (ligamentos e fáscia), causando potencialmente deformação irreversível e disfunção do assoalho pélvico (10, e outros).
      Mas isso não quer dizer que as mulheres devem evitar certos esportes porque podem danificar seu assoalho pélvico.
      Elas podem perfeitamente praticar estes esportes com segurança desde que bem orientadas.

      Dito tudo isso, podemos agora fazer um resumo deste caso:

      Sintomas:

      • Escape de urina devido a atividades físicas intensas e de resistência prolongada;
      • Músculos grandes do assoalho pélvico;
      • Mudança na posição da bexiga;
      • Deformação do tecido conjuntivo do assoalho pélvico

      Possíveis causas:

      • Exercícios que demandam longos e repetitivo estresse do assoalho pélvico;
      • Questão de limites fisiológicos e lesões resultantes do tipo de treinamento e exercícios da atleta;
      • umento da pressão intra-abdominal gerada durante a atividade física, que não é sustentada pelos músculos do assoalho pélvico, pode esticar gradualmente o tecido conjuntivo (ligamentos e fáscia).

      Prevenção e/ou Tratamento:

      • Dar tempo suficiente para os músculos do assoalho pélvico descansarem e recuperarem, talvez utilizando cross-training que não requisitem muito do assoalho pélvico.
      • Usar a fadiga do assoalho pélvico como fator limitante do treino. Avalie treinar conscientemente até próximo ao ponto de IUE, sem ultrapassá-lo, e gradualmente aumentar o treino a média em que o assoalho pélvico vai restabelecendo sua função através de técnicas específicas, como por exemplo o LPF.

      Embora as pessoas possam achar este problema normal, ele não é. Cabe a você como profissional da área orientar suas alunas e melhorar a qualidade de vida delas.

    Espero que com este artigo, fique mais fácil para você identificar os sintomas, causas e direcionar o tratamento e/ou prevenção para suas alunas.Como você já deve ter notado, a metodologia inovadora Low Pressure Fitness pode ajudar na maioria dos casos de Incontinência Urinária de Esforço , por isso o LPF tem sido incluído no portfólio de trabalho da grande maioria dos fisioterapeutas especializados em saúde da mulher.

    Então, fique à vontade para entrar em contato conosco ou olhar a nossa agenda de certificações LPF.

    Estamos aqui para te ajudar a se diferenciar neste mercado tão competitivo e proporcionar os melhores resultados para as pessoas que confiaram no seu trabalho!

    Até o próximo artigo

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    Referências:

     

    1. “Athletic Incontinence.” Wikipedia, Wikimedia Foundation, 27 June 2019, en.wikipedia.org/wiki/Athletic_incontinence.
    2. “Mulheres Que Ficam Mais Fortes, o Pavimento Pélvico Fica Mais Fraco.” Low Pressure Fitness ®, Editor, 21 Aug. 2018, lowpressurefitness.com/lpfjournal/pt-br/mulheres-ficam-fortes-pavimento-pelvico-fraco/.
    3. “What’s Hidden behind Athletic Incontinence?” Low Pressure Fitness ®, Editor, 27 Sept. 2018, lowpressurefitness.com/lpfjournal/en/whats-hidden-behind-athletic-incontinence/.
    4. “Stress Urinary Incontinence in Athletes: Why You Leak When You Exercise.” Pelvic Health and Rehabilitation Center, 21 Mar. 2019, pelvicpainrehab.com/low-tone-pelvic-floor-dysfunction/stress-urinary-incontinence/6575/stress-urinary-incontinence-in-athletes-why-you-leak-when-you-exercise/.
    5. “Top 4 Causes of Athletic Incontinence in Female Athletes.” Toronto Physiotherapy, 7 Dec. 2017, torontophysiotherapy.ca/causes-of-athletic-incontinence-in-female-athletes/.
    6. Poświata A, Socha T, Opara J. Prevalence of Stress Urinary Incontinence in Elite Female Endurance Athletes. J Hum Kinet. 2014 Dec 30;44:91-6.
    7. Bø K. Pelvic Floor muscle training is effective in treatment of female stress urinary incontinence, but how does it work? Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2004 Mar-Apr;15(2): 76-84.
    8. Jean-Baptiste J, Hermieu JF. Sport and urinary incontinence in women. Prog Urol. 2010 Jul;20(7): 483-90.
    9. Greydanus DE, Omar H, Pratt HD. The adolescent female athlete: current concepts and conundrums. Pediatr Clin North Am. 2010 Jun;57(3): 697-718.
    10. Almeida MB, Barra AA, Saltiel F, et al. Urinary incontinence and other pelvic floor dysfunctions in female athletes in Brazil: A cross-sectional study. Scand J Med Sci Sports. 2016 Sep;26(9): 1109-16.
    11. Dumoulin C, Hay-Smith J, Mac Habee-Seguin G. Pelvic floor muscle training versus no treatment, or inactive control treatments, for urinary incontinence in women. Cochrane Database Syst Rev. 2014 May 14;(5).
    12. Rivalta M, Sighinolfi MC, Micali S, et al. Urinary incontinence and sport: first and preliminary experience with a combined pelvic floor rehabilitation program in three female athletes. Health Care Women Int. 2010 May;31(5): 435–43.
    13. Goldstick O, Constantini N. Urinary incontinence in physically active women and female athletes. Br J Sports Med. 2014 Feb;48(4): 296-8.
    E-book LPF 5 Passos para o Sucesso